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Foto do escritorDália Matsinhe, Psicóloga

Perturbação de Stress Pós traumático

Perturbação de Stress pós-traumático é uma perturbação psicológica e psiquiátrica da ansiedade que pode ocorrer em pessoas que experienciaram ou testemunharam um evento traumático como um desastre natural, um acidente sério, um ataque terrorista, guerra/combate, violação ou outros como por exemplo serem ameaçados de morte, violência sexual ou ferimentos sérios. O termo stress foi oficialmente aplicado pela primeira vez em 1936 por Hans Seyle como resposta fisiológica e adaptativa do organismo a qualquer estímulo percepcionado como temível, do qual o sujeito se sente ameaçado, e entende que não ter os recursos necessários para fazer face às exigências do estímulo. Perturbação de Stress Pós-Traumático já teve outros nomes como TRAUMA PÓS GUERRA durante os anos da Primeira Guerra Mundial, ou FADIGA DE COMBATE depois da II Guerra Mundial, mas a Perturbação de Stress Pós-Traumático não acontece só com os veteranos de guerra.



Pode ocorrer a qualquer pessoa de qualquer etnia, nacionalidade, cultura, idade, e afecta milhões de pessoas. As pessoas com Perturbação de Stress Pós-Traumático têm pensamentos intensos e ameaçadores e sentimentos relacionados com a sua experiência, com durabilidade longa e muito depois do evento traumático ter cessado. As pessoas podem reviver o evento através de gatilhos mentais ou através de pesadelos quando adormecidos; podem sentir tristeza, medo ou serem agressivas; podem sentir-se desconectadas ou alienadas das outras pessoas. As pessoas com Perturbação de Stress Pós-Traumático podem evitar pessoas ou situações que as recordem de eventos traumáticos, e podem ter uma reacção muito forte e negativa com algo que possa parecer ordinário, ou normal, como um barulho alto, ou mesmo um toque leve. O diagnostico de Perturbação de Stress Pós-Traumático requer a exposição a um evento traumático, no entanto, a exposição pode ser indirecta, e não directa. Por exemplo, a Perturbação de Stress Pós-Traumático pode ocorrer num sujeito que soube de uma morte violenta de um familiar próximo ou de um amigo. Pode também ocorrer por exposição repetitiva a um detalhe horrível e traumático como no caso de agentes da polícia que sabem de detalhes de casos de crianças abusadas sexualmente. Os SINTOMAS, apesar de alguns poderem variar na severidade, devem estar incluídos em quatro categorias: 1. Intrusão: pensamentos intrusivos, como memorias involuntárias e repetitivas; sonhos angustiantes; memórias de um evento traumático. Memórias essas que podem ser tão vívidas, que as pessoas sentem como se estivesses a reviver as experiências traumáticas ou a verem-nas perante os seus olhos 2. Evitamento: os sujeitos evitam tudo o que os possa lembrar de um evento traumático, como pessoas, lugares, actividades, objectos e situações que podem servir de gatilho para reviverem eventos traumáticos. As pessoas podem até evitar lembrarem-se ou pensarem sobre os eventos traumáticos. Podem resistir falar com alguém sobre o que aconteceu ou sobre como se sentem. 3. Alterações na cognição e no humor: inabilidade de se lembrarem de aspectos importantes dos eventos traumáticos , pensamentos negativos, sentimentos que podem reflectir crenças distorcidas do sujeito, sobre ele ou sobre algo, como “eu sou mau; ninguém é de confiança); pensamentos distorcidos acerca da causa ou consequências do evento que levam a culparem-se ou aos outros de forma errada; medo persistente, horror, agressividade, culpa ou vergonha; muito menos interesse em actividades que anteriormente eram tidas como agradáveis; sentem-se desconectadas ou alienadas das outras pessoas; incapazes de experienciar emoções positivas (existe um vazio na satisfação ou de alegria) 4. Alterações nos estímulos e na reactividade: os sintomas reactivos e de estímulo podem incluir irritabilidade ou agressividades desmedidas; comportamentos desleixados (higiene, ou outros) ou autodestrutivos; comportamentos de suspeição excessiva acerca tudo e de todos; comportamentos explosivos fáceis, ou dificuldades de concentração ou e, dormir. Para se ser diagnosticado com perturbação de Stress Pós-Traumático estes sintomas terão que persistir pelo menos um mês, e devem causar stress significativo ou problemas significativos ao sujeito e à sua forma de funcionar. Muitas pessoas desenvolvem estes sintomas depois de 3 meses do evento traumático, mas os sintomas podem aparecer mais tarde e normalmente persistir por meses ou anos. Existem outras condições onde ocorram perturbações de stress pós-traumático como na depressão, uso de substâncias, problemas de memória e noutros problemas físicos ou mentais. É importante notar que nem toda a gente que experiencia um trauma desenvolve Perturbação de Stress Pós-traumático, e nem toda a gente que tem a perturbação precisa de tratamento. Em algumas pessoas, os sintomas desta perturbação subsistem, e noutras pessoas desaparecem. Algumas melhoram com a ajuda do sistema de apoio (família, amigos e igreja), mas algumas pessoas precisam de ajuda de profissionais de forma a recuperarem do stress psicológico que pode ser incapacitante e intenso. É importante ressalvar que o trauma pode levar a stress severo, que não é culpa do indivíduo. Mais, a perturbação de stress pós-traumático é tratável. Quanto mais cedo procurar ajuda, melhores as hipóteses de recuperação. O tratamento da perturbação de stress pós-traumático passa pela medicação, terapia, incluindo a terapia de processamento cognitivo, psicodinâmicas, Terapia de exposição prolongada (imaginando os traumas com os devidos controlos, de forma a que a pessoa se sinta segura), hipnose, programação neurolinguística, terapia de grupo, terapia assistida por animais, entre outras comprovadas cientificamente. O impacto do tráfico é intensivo nas vítimas, e existem estudos que indicam que a consequência na saúde mental é significativa, particularmente no que se refere à Perturbação de Stress Pós-Traumático e na Depressão. Investigadores do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College London, Inglaterra identificaram 133 pessoas traficadas, incluindo 37 crianças, que estavam a ser acompanhadas por problemas de saúde mental, e compararam-nas de forma aleatória com pacientes que não foram traficados mas que estavam a ser acompanhados no mesmo local. Das pessoas traficadas, 51% fora traficada para exploração sexual. 39% dos adultos e 27% das crianças foram diagnosticadas com Perturbação de Stress Pós-Traumático. 34% dos adultos tinha depressão bem como 27% das crianças, e 15% diagnosticada com esquizofrenia. Um outro estudo do mesmo instituto providencia evidencias dos efeitos do tráfico na saúde mental, e incluem níveis altos de Perturbação Stress Pós-Traumático, como referido, e depressão. Sintomas associados à Perturbação de Stress Pós-traumático e as percentagens em mulheres vítimas traficadas diagnosticadas com estes sintomas como severos foram: Pensamentos/memórias recorrentes de eventos aterradores 75% Sentimentos de que o evento está a ocorrer novamente 52% Pesadelos recorrentes 54% desconectadas ou alienadas das outras pessoas 60% Incapacidade de demonstrar emoções 44% Reactivo, facilmente assustadiços 67% Dificuldade de concentração 52% Problemas de sono 67% À espera que algo relacionado com os eventos traumáticos ocorra 64% Irritáveis, com reacções agressivas 53% Evitando actividades que relembram um evento traumático ou doloroso 61% Inabilidade de se lembrarem de parte ou da maior parte do evento doloroso ou traumático 36% Menos interesse em actividades diárias 46% Sentimento de que não têm future 65% Evitando pensamentos ou sentimentos associados com eventos traumáticos 58% Repentinas reacções emocionais ou físicas quando relembrados de eventos mais dolorosos ou traumáticos (Zimmerman et al., 2006) 65%


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